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BUTÃO – O Reino Encantando nos Himalayas
Era uma vez………..assim deveria começar esse “post”, como nos mais lindos contos de fadas , pois vou apresentar a vocês um reino encantado encravado nas montanhas dos Himalayas. Chama-se Butão, e que tem como particularidade o bem mais precioso: Paz e tranquilidade.
Em todos os lugares que visitamos no país, essas energias estão presentes. O povo não tem pressa, o tempo não existe mas todos estão em atividade constante.
A meditação, a devoção aos elementos da natureza, a prática religiosa, o trabalho na agricultura, nos orgãos do Governo, no comércio, não são excludentes. Todas as atividades são parte do dia a dia desse povo especial.
O Butão está encravado entre a China e a Índia tem cerca de 650 mil habitantes. É um pequeno e fechado reino localizado nos Himlayas orientais , conhecido também como “Terra do Dragão” e sua capital é a bela cidade de Thimphu, certamente o lugar mais tranquilo do mundo, situada a mais de 2.500 m acima do nível do mar.
O Butão é um país, onde a tradição ocupa um lugar privilegiado. Um lugar onde a natureza é a estrela principal e a lei maior que rege o país é Ser Feliz. Além de ser um dos lugares mais preservados culturalmente da Ásia, é extraordinário em diversos aspectos.
Um desses aspectos e com certeza único no mundo, é que apesar do tamanho, demografia e isolamento, o país é assunto nas grandes Universidades do mundo, como Harvard, Oxford, etc. E a causa é um índice!!!! Ah!! Se todos os países o adotasse????
Chama-se FIB – Felicidade Interna Bruta, que vem a ser um índice criado na década de 70 pelo antigo rei do Butão, Jigme Singye Wangchuk. É um PIB muito peculiar que , por meio de um intrincado cálculo identifica os elementos básicos que determinam aquilo que vai proporcionar o bem estar da população, que tem que se sentir satisfeita em relação aos avanços na saúde, educação, meio ambiente, cultura e da promoção da verdade.
Os dirigentess do país, acreditam que o cálculo do progresso deve levar em conta não apenas as riquezas materiais, mas sim o bem estar do povo .
Só isso já faria desse país um lugar único e mágico. Entretando tem muito mais.
Recentemente, o rei reimplantou um antigo código “Driglam Namzha”, que estabelece comportamentos e obriga todos os cidadãos a usar os trajes tradicionais, e todas as edificações, sejam grandes monastérios, habitações particulares e até mesmo postos de gasolina, precisam adequar-se a arquitetura tradicional do país. A Lei protegendo as tradições. E o povo apóia e cumpre satisfeito.
Os butaneses são simples, hospitaleiros e muito gentis. Não apresentam os sinais de estresse, pressa e impaciência tão comuns nas culturas ocidentais. A qualquer pergunta do tipo: “posso fazer isso?”, eles respondem invariavelmente o mesmo: “se isso te faz feliz, sim”.
As casas são geralmente construídas sem projeto arquitetônico, mas os butaneses fazem consultas astrológicas antes de erguer suas residências, algumas com cerca de 900 anos. A casa butanesa típica é grande. Tem geralmente quatro andares que abrigam animais (térreo), diferentes gerações da família – avós no primeiro, pais e filhos no segundo – e suprimentos de inverno.A democracia foi introduzida por vontade do rei e não por pressão do povo, como é habitual. Depois de um histórico discurso, o rei Jigme Singye Wangchuck, nas comemorações do dia nacional do país, em dezembro de 2006, abdicou a favor do seu filho e anunciou a realização de eleições democráticas.
Foi um raro caso de renúncia unilateral de um monarca ao poder, e um caso ainda mais raro de renúncia contra a vontade de seus súditos. Seu filho, Jigme Khesar Namgyel Wangchuck, foi coroado para exercer o novo papel de monarca constitucional sem poder executivo.
Os butaneses foram às urnas em 24 de março de 2008, terminando assim mais de um século de monarquia absoluta. Mesmo assim, a imagem do rei está presente em quase todas as casas, bares, restaurantes e prédios públicos do país. A família real costuma participar de todas as festividades e comemorações butanesas, atraindo grande interesse da população.
Até o nome do partido que venceu as primeiras eleições legislativas do país é único: Partido Virtuoso do Butão. Significativo não?
Outro aspecto importantissimo é a preservação da natureza e a religião, que fazem parte do cotidiano da população. O povo do Butão reverencia todos os elementos da natureza: terra,agua, fogo, ar, e a religião para eles é parte fundamental das suas vidas .. Tem 72,5% de sua área coberta por florestas, 34 rios e uma biodiversidade de dar inveja a muitos países ricos. Também abriga cerca de 2000 templos e monastérios budistas.
Os Butaneses acreditam que mente, fala e corpo têm de estar em harmonia. Eles cultuam o budismo Mahayana, que tem garantia Constitucional no país. Essa é a herança espiritual que o povo deve passar para as próximas gerações, pregando a paz, a compaixão e a não-violência. O chefe religioso do Reino, o Je Khenpo, goza de uma importância quase idêntica à do rei , sendo também respeitadíssimo pela população.
A grande maioria dos butaneses seguem o Budismo (74%), com exceção dos habitantes do sul, de origem nepalesa, que seguem o hinduísmo (21%). O budismo foi introduzido no país no século II d.C, mas só se estabeleceu como religião dominante no século VII com a visita de Padmasambava, o famoso mestre tântrico indiano.
A cultura do Butão , pode ser definida como sendo, simultaneamente, patriarcal e matriarcal e o membro que detém a maior estima é considerado o chefe da família. A população é adepta da poligamia, e isso vale para homens e mulheres. Alguns butaneses se casam com várias pessoas de uma mesma família, inclusive o antigo rei, que é casado com 4 irmãs.
O culto às tradições butanesas é uma política de governo e uma questão de sobrevivência. Pela sua localização, entre dois países de culturas muito fortes – China e Índia -, o Butão está suscetível a influências. Tem de preservar seus hábitos e costumes para não perder a identidade. Além disso, o país não tem seguridade social e depende dos jovens para manter seus idosos vivendo com dignidade.
Para proteger seu patrimônio cultural e ecológico, o governo faz campanhas nas escolas rurais, treina guias turísticos e controla o turismo com mão de ferro. Oficialmente, o país abriu as portas aos estrangeiros em 1974, depois de séculos de isolamento e de muitas discussões sobre impacto sociocultural promovidas pelo rei e seus oficiais.
Turistas estrangeiros só entram no país depois de pagar uma taxa diária que varia de US$ 200 (julho e agosto) a US$ 250 (demais meses). A taxa contempla serviços de guia, hospedagem em hotel categoria turística, alimentação (pensão completa) e transporte dentro do país. A idéia não é frear o número de visitantes, mas desenvolver um turismo qualitativo e evitar que o número de estrangeiros seja maior do que o país pode abrigar em seus cerca de 1.900 quartos de hotel.
Aproximadamente 29 mil estrangeiros visitam o Butão anualmente, e cerca de 70% manifestam o desejo de voltar, segundo pesquisas do Departamento de Turismo.
A moeda local é o Ngultrum e equivale à rúpia indiana, ou seja, US$ 1 = NU$ 45. Os cartões de crédito não são aceitos na maioria dos lugares e usamos dinheiro ou cheques de viagem.
O arco e flexa é o esporte nacional, onde os competidores obedecem aos rituais tradicionais, e usam, claro, vestimentas típicas. Os cigarros são proibidos no país e a televisão foi introduzida há apenas 10 anos. A capital não tem semáforos e possui apenas um policial de trânsito em serviço. Um país com um aeroporto e dois aviões comerciais, onde só é possível ir de oeste a leste, por terra , após quatro dias de viagem pelas estradas nas montanhas. O país tem fome zero, analfabetismo zero, índices de violência insignificantes e nenhum mendigo nas ruas. Não há registro de corrupção administrativa e o povo adora o rei. Incrível mas verdadeiro.
Lendo um pouco sobre a história desse reino encantado, descobri que o primeiro europeu a entrar no Butão e a viajar através dos Himalayas no inverno, foi o padre Cacella e foi ele também que, pela primeira vez, descreveu aos europeus um lugar fictício chamado Shambala ,termo sânscrito que significa “paz/tranquilidade/felicidade”. O budismo tibetano também fala que existia um país ideal localizado a norte ou oeste das montanhas dos Himalayas. Foi esse mito que inspirou James Hilton a escrever o romance Horizonte Perdido com o seu Shangri-La, no século XX.
Estar nesse país é reviver as palavras de James Hilton “um lugar paradisíaco situado nas montanhas dos Himalayas, onde o tempo parece não existir, as pessoas convivem harmoniosamente e a felicidade e a saúde são permanentes”.
Assim é o Butão um paraíso terrestre encravado nos Himalayas.